quinta-feira, 21 de junho de 2012

terça-feira, 6 de março de 2012

A despedida de Mário Bulgareli

Carta à população deixada por Mário Bulgareli pouco antes de renunciar a Prefeitura de Marília
“Nestes 7 anos e três meses frente à chefia do Executivo municipal, sempre procurei desempenhar o melhor trabalho possível em prol da população mariliense, com apoio de meus secretários, assessores e demais servidores públicos municipais.
Com esse trabalho em equipe, elevamos Marília ao grau de uma das melhores cidades para se viver do país: primeira em segurança (cidades acima de 100 mil habitantes); primeira em educação; sétima em qualidade de vida (Índice Firjan); e mais recentemente a sétima do país na área da saúde, conforme levantamento realizado pelo Ministério da Saúde.
Todavia, após todos esses anos em que procurei me dedicar ao máximo e, em virtude de recomendação médica e após consultar minha família, é chegado o momento de me afastar do Executivo mariliense, para tratar de minha saúde. Sei que não é uma decisão fácil de ser tomada, principalmente pelo bom momento em que Marília atravessa.
Tenho certeza que o vice-prefeito, José Ticiano Tóffoli, ao assumir o restante do mandato, dará continuidade a esse trabalho, realizando as obras e serviços em prol de nossa comunidade. Um exemplo é o seu prestígio junto ao governo federal ao obter recursos, a fundo perdido, para a conclusão das obras de afastamento e tratamento do esgoto.
Gostaria de agradecer a confiança depositada pela população mariliense que me reelegeu em 2005 e ao mesmo tempo reafirmar meu profundo amor por Marília, cidade que me adotou quando aqui cheguei, em 1978 e onde nasceram meus filhos e desempenhei minha vida familiar e profissional.
Deixo a Administração Municipal com a certeza de dever cumprido. Tenho muito orgulho de fazer parte da história de Marília e ter o reconhecimento de nossa população.
Não posso deixar também de agradecer a todos os funcionários do município, população, imprensa, amigos e autoridades pelo respeito que sempre me trataram.
Marília, 05 de março de 2012
Prof. Mário Bulgareli”

sexta-feira, 2 de março de 2012

O hino que todos amam

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase véspera de Natal a empresa em que eu era diretor de marketing, a Cia Fotográfica Hirano, promoveu sua tradicional festa de fim de ano. O evento foi realizado num grande anfiteatro e todos os seiscentos funcionários estavam lá. Coube-me a função de apresentador e, logo na abertura, interpretei uma mensagem que emocionou e fez chorar a platéia. Muito distante dos tradicionais e festivos textos natalinos, o que li era uma lição que levava qualquer um a refletir sobre a data e questionar seu papel na face da terra.

O título era "Eu odeio o Natal" e o autor narrava a festa da ceia, risos, champagne, comida farta e muitos presentes quando alguém bateu à porta. Era apenas um menino maltrapilho pedindo um pedaço de pão. Naquele momento ele confronta a cena daquele pedinte faminto com o "natal" que se comemorava em sua casa. Imagina a família daquele garoto em torno de uma mesa simples, coberta por um plástico vagabundo e e se fartando de migalhas caídas de alguma mesa abundante . E chora ao se lembrar dos molambos, prostitutas, drogados e outras minorias perambulando pelas ruas como um cordão de desgraçados, sem futuro, sem esperanças. Por minha conta acrescento que é nesta época que as diferenças ficam muito mais evidentes.

Terminada a mensagem, afastei-me do microfone e aguardei o final dos aplausos.

Durante longos segundos passei os olhos pela platéia observando a reação de cada um. Homens e mulheres choravam e, se muito, disfarçavam pra não deixar rolar alguma lágrima. Alguns soluçavam. Os diretores, postados à mesa de honra, no palco, não fizeram questão de demonstrar que foram tocados pela emoção da mensagem. Todos tinham os olhos úmidos e avermelhados.

Findo os aplausos, aproximei-me do microfone e solicitei, em tom solene:

- Peço que todos estejam de pé, com a mão no coração e cantem o hino que o povo adora e ama em todo Brasil.

De pé e conforme pedira, vi os seiscentos funcionários e diretores se levantarem. Quando todos se postaram com a mão no peito, olhei para o lado - onde ficava o controle de som - e, com um aceno de cabeça, autorizei rodar o hino. O operador de som apertou a tecla de play e todos puderam ouvir a todo volume.

- Salve o Corinthians, campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações.....Salve o Corinthians....

Certamente ouvi uns 595 funcionários cantando, aplaudindo, gargalhando e festejando a improvisada brincadeira que tomou conta do anfiteatro. Tomei o cuidado de arriscar um olhar para meu lado esquerdo, onde estavam os diretores. O Eizi Hirano, são paulino como os demais, desconcertado disse-me provocativo:

- Segunda feira passa no DP que você será despedido, seu irreverente - brincou ele.

- Tudo bem Eizi, mas, por favor, você já pode tirar a mão do peito - respondi gargalhando ao ver que ele continuava, respeitosamente, com a mão no coração.

Durante longos e longos segundos só se ouviu risos descontraídos e muita comemoração. Instantes antes todos estavam chorando.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Vergonha, descaso e incompetência!

Uma escola estadual de Marília está com um enorme problema: não sabe o que fazer com a montanha de livros enviados pelo governo do estado que deveriam ser entregues aos alunos do fundamental e médio.

E os livros não foram entregues por uma razão inacreditável: os alunos, simplesmente, não querem os livros. Se levarem pra casa não trarão pra sala de aula - e isso realmente acontece - porque, alegam, pesa muito na mochila. Os livros do ano passado ficaram estocados numa sala e, agora, a escola não tem onde colocar os novos que chegaram.

Sabem o que pode acontecer? Os livros, perfeitamente utilizáveis, podem ir para a reciclagem. Ou jogados no lixo. Isso se repete na maioria das escolas públicas estaduais ou federais. Dinheiro jogado no lixo. Desrespeito, vergonha, falta de competência! Sinônimos que nos levam a concluir o que já sabemos: o caos da edução no  país. O descaso ocorre faz tempo. A TV Globo de Ribeirão Preto flagrou, em 2010,  centenas de livros do Programa Nacional do Livro Didático, do governo federal, jogados num barracão da Cooperativa de Reciclagem de Colina - 399 km de São Paulo. Muitos ainda estavam embalados.

Antes havia o cuidado dos alunos em conservar o material que serviria de doação para uso de outros. Hoje, joga-se no lixo. Os promotores deveriam estar preocupados com isso, sem esperar alguma denúncia cair em suas mãos.
 
Os professores não podem obrigar os alunos a aceitarem os livros. O diretor, se muito, vai discutir nos HTPCs, o que fazer com eles. Geralmente é o lixo ou reciclagem. Descaso e incompetência com dinheiro do povo!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Guia de utilização de bateria (lítio) de note

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

- Devo retirar a bateria quando ligar o notebook na energia?
- Devo descarregar toda a carga da bateria antes de carrega-la novamente?
- Bateria de lítio dá efeito memória?
- Em que condições a bateria diminui sua vida útil?

Provavelmente você já se perguntou sobre isso ou pelo menos teve dúvidas sobre o uso correto da bateria do seu net ou note. O que é, afinal, falso ou verdadeiro? Como você deve proceder para manter a bateria em bom estado e prolongar sua vida útil?

Não sou especialista na área mas, no meu ramo de atividade, passo a maior parte do tempo em frente à televisão e ilhas de edição –computadores e câmeras sofisticadas com muita tecnologia . Entende-los melhor passou a ser regra. E deparei-me com uma dúvida de uma amiga sobre bateria de note. Relacionei algumas informações úteis. Refiro-me sempre as baterias de lítio - células de lítio metálico que produzem uma tensão duas vezes maior que as baterias comuns - mais largamento utilizadas em equipamentos eletrônicos.

EFEITO MEMÓRIA

As baterias de lítio não viciam, isto é, não sofrem o efeito memória. Portanto, você não precisa “descarregar” a bateria para recarregar depois. Ela pode ser carregada qualquer que seja o nível de carga que tenha. Muitos ainda acreditam ser necessário “zerar a carga” para ligar a tomada. Isso, aliás, é prejudicial.
 
DEVO RETIRAR A BATERIA QUANDO LIGAR O NOTE BOOK NA ENERGIA ?

Se a sua preocupação é causar danos à bateria se o note ficar constantemente ligado a corrente de energia, a resposta é não. Se a bateria estiver descarregada, ao ligar na energia, ela carregará (um led luminoso indicará essa condição) e quando estiver full o sistema aciona o “by-pass” e ela deixa de receber energia. Portanto, você não precisa tirar a bateria do note por esse motivo.

Porém, existe um bom motivo para você retirar a bateria: se o hardware do seu note aquecer demais – acima de 60 graus – o calor gerado prejudicara a vida útil da bateria, principalmente se ela estiver 100% carregada. Nada é pior para uma bateria do que estar com 100% de carga e exposta ao calor.

FAZ MAL PARA A BATERIA DEIXAR DESCARREGAR ATÉ O FINAL?

Sim, descarregar a bateria (zero% ) até o computador desligar, pode danifica-la. Melhor é descarregar até 20% a 30%. Com o tempo o sensor que mede a capacidade de carga pode descalibrar. Alguns notes tem ferramentas, na BIOS, que permitem recalibrar o sensor (nada mais é que do que uma descarga completa seguida de uma carga completa).

COMO RECALIBRAR O SENSOR DE MEDIÇÃO DE CARGA?

- Carregue 100% a bateria.
- Deixe-a em repouso durante duas horas, pelo menos.
- No Painel de Controle configure para hibernação automática aos 3% de capacidade.
- Deixe o computador descarregar até hibernar e mantenha-o neste estado durante 5 horas.
- Ligue o note na energia e deixe carregar a bateria até 100%.

CONSERVAÇÃO PROLONGADA

Caso necessite conservar a bateria por um longo período, carregue-a com 40% da sua capacidade e a mantenha em local fresco e seco. Você também pode conservar na geladeira (0ºc – 10ºc) desde que a bateria esteja acondicionada numa embalagem hermeticamente fechada que a isole de qualquer umidade.

Simples assim.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cidade abandonada

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Marília é uma cidade abandonada. Vítima da corrupção e da incompetência, sua população padece diante do abandono. Bulgareli, um prefeito fraco, alimentado pela ganância - e pela inocência de um jovem de 36 anos que sonha ser dono da cidade - pode acabar na prisão tal e qual Nelson Granciere, o seu ex Secretário da Fazenda, ex Chefe de Gabinete e, certamente, seu ex candidato.

Nelson só tem um bom e razoável motivo para insistir numa candidatura: se qualquer outro sentar na cadeira de prefeito, antes dele, restará se conformar a almoçar quentinhas durante longos anos. Ou alguém acha o contrário?

Estas são cenas das ruas do Bairro Parati. Mato, buraco e abandono.































quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cachorro velho

Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço. O cachorro velho pensa:

-Oh, oh! Estou mesmo enrascado ! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão. Em vez de apavorar-se, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo e começa a roê-lo, dando as costas ao predador. Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:

-Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ?

Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.

-Caramba!, - pensa o leopardo. - Essa foi por pouco. O velho vira-lata quase me pega!

Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira. Em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum.
E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa : -Aí tem coisa!

O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo. O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz: -'Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!' Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa: -E agora, o que é que eu posso fazer ?

Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doloridas não o levariam longe...) o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores e, fazendo de conta que ainda não os viu o cão diz :

- Cadê o filha da puta daquele macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e não chega nunca! '

Moral da história: não mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência.

(Li no Facebook do meu amigo Nery Porchia, reitor de uma universidade em Marília)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Manobra pode levar Bulgareli para a cadeia

Jornal Diário de Marília

A manobra articulada pelo prefeito Mário Bulgareli, com auxílio do setor jurídico da prefeitura, para recolocar Nelson Granciéri nos cargos de chefe de gabinete e secretário da Fazenda tem por objetivo principal ludibriar a Justiça e criar um álibi para abrir caminho ao retorno em definitivo do braço direito da administração municipal.
 
O mérito da liminar que obriga Nelsinho a seguir afastado de suas antigas atribuições – por cobrança de propina e coação de testemunhas – será julgado pela 11ª Câmara do Tribunal de Justiça no próximo dia 6 de fevereiro e uma das coisas que já pesou para a negativa anterior do TJ em anular os efeitos do dispositivo legal foi justamente o fato de Granciéri ter pedido sua exoneração.
 
Pesa ainda contra ele a descoberta posterior de um esquema que movimentava cerca de R$ 500 mil por mês em pagamentos a aliados para a manutenção do quadro político na cidade. O fato veio à tona após devassa da Polícia Federal e do Gaeco na casa de Nelsinho e na prefeitura. Ao ser preso, no início de dezembro, ele confessou à PF a existência de um mensalão com o aval de Bulgareli.
 
Desta forma, fica evidente que a procuradoria do município, o próprio prefeito e os advogados de defesa estão atuando de forma conjunta e têm interesses comuns. Essa manobra pode colocar Bulgareli em situação bastante delicada se a Justiça entender que há elementos concretos que comprovem a desobediência a uma determinação judicial em vigência.
 
O CASO
 
De maneira disfarçada a prefeitura publicou no último dia 30 de dezembro, no Diário Oficial, portaria revogando a exoneração de Nelsinho dos antigos cargos e outra revigorando os dispositivos que em 2009 o empossaram como chefe de gabinete e secretário da Fazenda. Na mesma edição o prefeito designa seu motorista, Luiz Walter Simões, para responder interinamente pelo gabinete. O secretário da Economia e Planejamento, Adelson Lelis, segue também acumulando o cargo de secretário da Fazenda. Ou seja, atualmente a administração conta com duas pessoas para desempenhar cada uma dessas funções.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Amuleto da sorte?


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Mesmo não sendo supersticioso, você já deve ter ouvido falar em amuletos da sorte como pé de coelho, trevo de quatro folhas, ferradura ou figa. Essa crença, entre brasileiros, é muito comum.

A origem da figa, dizem, é grega, mas foi muito difundida entre os romanos. Alguns defendem que esse amuleto é de origem italiana - Mano Figa, mano é mão e figa a genitália feminina. E o que significa? Olhe bem para o amuleto: a mão fechada e o polegar entre o indicador e médio. Analise a imagem e responda o que te parece?

Resposta: o polegar é um pênis penetrando uma vagina. A figa, então, é a representação do ato sexual. Exatamente isso. Surpresos? Fácil explicar.

Os povos usavam a figa como amuleto da sorte e ela representava a fertilidade, muito cultuada então. Arqueólogos, ao escavarem Pompéia, localizaram, além de figas, esculturas e desenhos de pênis de vários tamanhos. De início acreditaram que se tratava de um povo promíscuo e que a região escavada seria a zona de prostituição. Ao descobrirem que os falos estavam em quase todas as casas romanas, inclusive esculturas de jardins, acabaram concluindo e confirmando depois, que a exposição do falo masculino era comum e não causava nenhum constrangimento.

Muitos são crentes em seu poder, outros só observam como objetos folclóricos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Biografia manchada

Aos 35 anos de idade, Nelson Granciere, o ex escriturário municipal, galgou os degraus da fama de forma meteórica e era considerado um jovem de sucesso. Em pouco tempo assumiu a chefia de gabinete de Mário Bulgareli, com quem trabalhou na Emdurb e, pouco depois, a secretaria da Fazenda.

O comando político passou pelas suas mãos e Mário demonstrou-lhe gratidão quando se reelegeu numa campanha disputadíssima contra o filho do seu ex amigo e ex companheiro político Abelardo Camarinha de quem foi vice durante anos e hoje tornou-se seu principal oponente. O comando financeiro também escorreu para as mãos do jovem Nelsinho. Uniu o poder político e a tentação do dinheiro farto, a receita da perdição. Breve começou a construção de uma moderna casa cujo valor estava estratosfericamente incompatível com seu salário, uns seis mil e quinhentos reais.

Não resistiu e sonhou em ser prefeito. As delícias auferidas pelo poder permaneceriam pelo menos oito anos se fizesse o primeiro mandato bem convincente. Lançou-se na aventura política acreditando que sua experiência já era vasta e suficiente para confrontar-se com as raposas. Não era. Nelsinho, acusado de corrupção, foi afastado pela justiça dos seus cargos, permaneceu despachando na prefeitura e fez da sua casa um grande arquivo de documentos impróprios.

Nelsinho não é um jovem de sucesso porquê escolheu o lado errado. Ele está preso, acusado de corrupção. Sua biografia está manchada. Definitivamente.

Nota oficial da Gaeco sobre a prisão de Granciere

Operação do MP e da PF prende ex-chefe de Gabinete da Prefeitura de Marília

 O Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) – Núcleo Bauru e pela Promotoria de Justiça de Marília, em conjunto com a Polícia Federal de Marília, deflagrou operação, nesta sexta-feira (9), que resultou na prisão do chefe de Gabinete da Prefeitura e secretário de Finanças de Marília, Nelson Virgílio Grancieri.
Afastado dos dois cargos que acumulava na Prefeitura, por força de decisão em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve prisão preventiva decretada na quarta-feira pela 1º Vara Criminal da Comarca de Marília a pedido da Promotoria local e do GAECO, cujos promotores denunciaram o secretário por crimes de concussão e coação a testemunhas.
Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que ele, durante sua gestão como chefe de Gabinete e mesmo depois de afastado do cargo, gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos aliados, partidos políticos e pessoas de Marília, em quantias que ultrapassavam R$ 500 mil por mês.
A ação desta sexta-feira complementou a operação realizada dia 24 de novembro pelo MP, em conjunto com a Polícia Federal de Marília e a Polícia Militar, para o cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão nas cidades de Marília e Bauru.
A operação foi resultado de investigações realizadas pela Promotoria de Justiça de Marília, pelo GAECO e pela Polícia Federal sobre atos de corrupção, concussão, lavagem de dinheiro e corrupção de testemunhas envolvendo um grupo encabeçado por Nelson Virgílio Grancieri.

Os crimes de Granciere na Prefeitura de Marília

Lilian Graziela do JCNET

O Ministério Público do Estado de São Paulo obteve a prisão, no início da tarde desta sexta-feira (9), do ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Finanças de Marília (100 quilômetros de Bauru) Nelson Virgílio Grancieri. A prisão preventiva do investigado foi pedida pela promotoria de Justiça de Marília, que atua em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Dízimo, deflagrada ontem.

O pedido de detenção teve como fundamento a denúncia já oferecida à Justiça imputando ao investigado crimes de concussão e coação a testemunhas. O esquema de corrupção teria movimentado cerca de R$ 2 milhões, segundo apuração da Promotoria de Justiça.

Afastado dos dois cargos que acumulava na administração do prefeito Mário Bulgarelli (PDT) desde outubro, por força de liminar em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve a prisão preventiva decretada na última quarta-feira pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Marília, a pedido da Promotoria de Justiça local. Na ação civil, que também tem como réu o ex-assessor de gabinete André Felizario Jacinto, a promotora Rita de Cássia Bérgamo acusa o secretário de exigir 10% do valor a ser recebido por empresa de construção que venceu licitação para realização de obras em três escolas municipais. A propina foi exigida para que fossem liberados pagamentos da prefeitura para a empresa.

Como parte do pagamento da propina exigida por Grancieri, a empresa depositou R$ 14.250,00 na conta bancária dele, além de quitar seus débitos pessoais. A empresa pagou, por exemplo, dois boletos de cartão de crédito da esposa de Grancieri, nos valores de R$ 4 mil e de R$ 1.244,98, além de um boleto no valor de R$ 685,00, emitido por uma loja de material de construção. O cálculo é de que o secretário recebeu indevidamente o total de R$ 75.890,22.

Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que, durante a sua gestão como chefe de Gabinete e, mesmo depois de afastado do cargo, ele gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um hino na véspera de Natal


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase véspera de Natal a empresa em que eu era diretor de marketing, a Cia Fotográfica Hirano, promoveu sua tradicional festa de fim de ano. O evento foi realizado num grande anfiteatro e todos os seiscentos funcionários estavam lá. Coube-me a função de apresentador e, logo na abertura, interpretei uma mensagem que emocionou e fez chorar a platéia. Muito distante dos tradicionais e festivos textos natalinos, o que li era uma lição que levava qualquer um a refletir sobre a data e o questionar seu papel na face da terra.

O título era "Eu odeio o Natal" e o autor narrava a festa da ceia, risos, champagne, comida farta e muitos presentes quando alguém bate à porta. Era apenas um menino maltrapilho pedindo um pedaço de pão.

Naquele momento ele confronta a cena daquele pedinte faminto com o "natal" que se comemorava em sua casa. Imagina a família daquele garoto em torno de uma mesa simples, coberta por um plástico vagabundo e e se fartando de migalhas caídas de alguma mesa abundante . E chora ao se lembrar dos molambos, prostitutas, drogados e outras minorias perambulando pelas ruas como um cordão de desgraçados, sem futuro, sem esperanças. Por minha conta acrescento que é nesta época que as diferenças ficam muito mais evidentes. Terminada a mensagem, afastei-me do microfone e aguardei o final dos aplausos.

Durante longos segundos passei os olhos pela platéia observando a reação de cada um. Homens e mulheres choravam e, se muito, disfarçavam pra não deixar rolar algumas lágrimas. Outros soluçavam. Os diretores, postados à mesa de honra, no palco, não fizeram questão de demonstrar que foram tocados pela emoção da mensagem. Todos tinham os olhos úmidos e avermelhados. Findo os aplausos, aproximei-me do microfone e solicitei, em tom solene:

- Peço que todos estejam de pé, com a mão no coração e cantem o hino que o povo adora e ama em todo Brasil.

De pé e conforme pedira, vi os seiscentos funcionários e diretores se levantarem. Quando todos se postaram com a mão no peito, olhei para o lado - onde ficava o controle de som - e, com um aceno de cabeça, autorizei rodar o hino. O operador de som apertou a tecla de play e todos puderam ouvir a todo volume.

- Salve o Corinthians, campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações... Salve o Corinthians....

Certamente ouvi uns 595 funcionários cantando, aplaudindo, gargalhando e festejando a improvisada brincadeira que tomou conta do anfiteatro. Tomei o cuidado de arriscar um olhar para meu lado esquerdo, onde estavam os demais diretores. O Eizi Hirano, são paulino, desconcertado disse-me sorrindo:

- Segunda feira passa no DP que você será despedido, seu irreverente.
- Tudo bem Eizi, mas, por favor, você já pode tirar a mão do peito - respondi gargalhando ao ver que ele continuava "respeitosamente" com a mão no coração.

Durante longos e longos segundos só se ouviu risos descontraídos e muita comemoração. Instantes antes, todos estavam chorando.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Como se vingar das irritantes vendedoras telemarketing

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Você não se irrita com as inoportunas ligações das vendedoras de telemarketing?
Eu encontrei uma maneira de me vingar. E isso tem me divertido muito.

VENDENDO JORNAL

Ontem, por exemplo, um mala com voz de locutor de FM - operador de telemarketing é locutor frustrado - nem esperou meu alô à sua chamada e disparou:

- Sr. Edson, a Folha está com nova programação visual, tornou um jornal lindo sem contar que tem a melhor qualidade editorial. Preenchendo um cadastro novo (assinei a Folha durante 20 anos e o Estadão uns 30) nós lhe enviaremos 15 dias de jornal grátis e caso o senhor não se manifestar entre o 10 e o 15º dia do início da entrega, nós consideraremos como assinante. O cara pediu meus dados, preencheu o pedido. Eu só respondia ao que ele perguntava. Depois de tudo pronto ele arrematou:

- O senhor gostaria de ver nosso jornal?
- Não, não gostaria de ver seu jornal - disse, pesaroso.
- Como assim, são 15 dias grátis e mesmo assim o senhor não quer ver?
- Não! - resumi.
- Não porque senhor? - insistiu o mala.
- Porque sou cego - falei de mansinho e resignado, mas querendo gargalhar.
- Hããã, bom, quer dizer, éééé, desculpe senhor - se atrapalhou ele, sem saber o que dizer mais.

- A Folha já publica em braile? perguntei, provocando.
- Não senhor - respondeu e agradeceu com o tradicional "a Folha agradece, me desculpe e tenha um bom dia senhor."

Minha mulher, explodiu em gargalhadas.
Ela rio tanto quanto outra vingança que pratiquei numa manhã de sábado. O dia estava maravilhoso até que uma telemarketing me ligou.

A moça desconfiou que algo diferente estava acontecendo porque, entre um alô e uma resposta, eu suspirava ofegante e ritimado e, vez ou outra, pedia um momento. E sussurrava palavras melosas e apaixonadas. Até ela me perguntar, curiosa:

- O senhor está passando bem?
- Sim, estou. O problema é que o ar condicionado desse motel está quebrado - respondi, sugerindo a ela que eu estava muito ocupado.
- Senhor, desculpe, deveria ter me avisado que estava ocupado e não podia me atender - reclamou ela.
- Imagina que eu ia perder essa sua promoção! - exclamei, rindo, gargalhando e me vingando.

Faça isso você também.


A Vingança

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Egoismo

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Como o ensino público é péssimo e você tem dinheiro, seus filhos estudam em escola particular, certo? 

Como a saúde pública é uma vergonha e você tem dinheiro, você optou por um convênio hospitalar particular, certo? 

Como a violência aumentou no país e não existe segurança pública, você também aumentou a altura do muro da sua casa e equipou com alarmes, porque você tem dinheiro, certo?

Como os roubos explodiram nesse país e não existe justiça que coloque bandidos na cadeia, e como você tem dinheiro, o seguro que você paga é uma garantia se for roubado, certo?

Pois é, o Brasil está nesse caos exatamente porque, ao invés de você brigar por um ensino público bom, melhores hospitais, mais segurança e melhor policiamento, você preferiu, porque é egoísta, pagar por serviços que o estado deveria oferecer. E os que não tem recursos, que se danem?

Isso se chama egoismo. Bem que você poderia pagar por esses serviços ao mesmo tempo que lutasse a favor de escola, saúde, educação e segurança com qualidade. Você faz isso?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O recado do banheiro

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Durante uma reunião com diretores de uma empresa paulista, fabricante de câmaras fotográficas, observei a intensa preocupação deles em promover ações que levassem os funcionários a compreender a filosofia do grupo e, assim, "vestirem a camisa" da empresa.

No intervalo para o café pedi licença para ir ao banheiro. Foi lá que descobri que não é preciso muita técnica e pesquisa para analisar como anda uma empresa, nacional ou multi. Bem produzidos e assinados pelo gerente nacional da corporação, li vários cartazetes orientando seus usuários:

"Por favor, não urine fora do vaso. Não jogue absorvente no sanitário. Após usar, dê descarga."
Voltei pra reunião e, sem medo de ferir suscetibilidades e não pretendendo ser educado, disparei:

- Se vocês tem funcionários que precisam ser orientados como usar um banheiro, imagine se eles estão preocupados em assimilar a filosofia da empresa. Fico desconfiado quando me deparo com avisos alertando para se manter a pia limpa e fechar a porta da sala com ar condicionado. E estremeço quando o gerente tem que administrar a mira do xixi dos seus colaboradores.

O presidente da multinacional fixou seu olhar nipônico nos meus e permaneceu calado por alguns segundos. Silenciosamente levantou-se da poltrona, arqueou-se no tradicional gesto oriental de reverência e terminou a reunião.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hoje eu morri, de novo

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Eu não sabia, mas hoje eu morri, pela terceira vez na vida.

De repente, no Facebook, um amigo de longa data deixou um recado, no mínimo tétrico: condolências à família do Edson Joel. E narrou minha trajetória no rádio (comecei a trabalhar, como locutor, aos 13 anos de idade na rádio em que ele era gerente) e a última vez que me viu.

Quando abri a página e me deparei com o recado fúnebre, ri, no começo. Gargalhei depois. E passei o dia rouco de tanto contar a mesma história das outras vezes que morri.

A primeira foi dramática. Era jornalista em Tupã e comandava o programa Cidade x Cidade, na TV Tupi, no programa do Silvio Santos. Ganhamos 4 fuscas e só saímos do programa porque ocorreu um acidente com o carro que conduzia as meninas da equipe feminina de beleza. Próximo de Agudos, em noite chuvosa e fria, o Galaxie da prefeitura saiu da pista e capotou. As meninas, felizmente, sofreram ferimentos leves. Mas, ao chegar a cidade, a notícia era de que eu tinha saído desta pra melhor. 

A segunda morte que sofri foi no Paraguai. O avião caiu. Quando retornei de Assunção fui alertado pela família para "andar pelo centro da cidade, tomar café nos bares populares e contar piada de são paulino" pra que todos soubessem que era eu mesmo e que ainda continuava vivinho, lindo, maravilhoso e humilde. Gozado era ver a expressão das pessoas que me tinham "falecido".

Hoje, morri de novo! Tudo porque o meu sobrinho Thiago postou um recado no Facebook perguntando "então o Joel morreu?", referindo-se a uma crônica que escrevi no meu blog - A Vingança - onde narro como me divirto com os vendedores de telemarketing. Quando insistem em falar com o Edson Joel, chorando, eu digo que ele esta sendo velado mas que podem falar com a viúva. Dai alguém pegou a conversa pela metade "e me matou de vez".

Pra alegria dos que me amam e tristeza dos meus inimigos, continuo vivo. Pra quem não sabe, tenho 50 anos. Mas, juro, quando uso calça jeans e tênis aparento 49. Bom, né? He, he, he!

domingo, 2 de outubro de 2011

Vagas de emprego

Por Miriam Nitcipurenco de Souza

Hoje, vasculhando a internet, deparei-me com um anúncio num desses sites bem conceituados de recolocação profissional.

PROFESSOR:
Salário: R$ 1.187,97
Carga: 40 horas semanais
Benefícios: gratificações, vale-alimentação (R$ 2,18 por dia trabalhado) e vale transporte (pra cobrir ¼ dos dias trabalhados)
Exigência: Licenciatura (4 anos)
Descrição da atividade: Ensinar crianças e jovens em todas as faixas etárias (Educação Infantil, Fundamental e Médio)

AUXILIAR DE LIMPEZA:
Salário: R$ 920,00
Carga: 40 horas semanais
Benefícios: assistência médica, medicina em grupo, assistência odontológica, participação nos lucros, seguro de vida em grupo, tíquete-alimentação, vale-transporte. Exigência: ensino fundamental. Descrição da atividade: execução de limpeza em empresa e organização do material de limpeza.

Não estou menosprezando as auxiliares de limpeza, mas indignada com o menosprezo dos governos – junte todos os partidos, bata no liquidificador e você não conseguirá meio copo de gente séria, honesta e competente – e com a ausência de ações pra melhorar a educação neste país e os salários dos professores.

Lembrei-me, então que o nosso glorioso Supremo Tribunal Federal, em abril deste ano, considerou constitucional a fixação do piso salarial para professores da rede pública de ensino: R$ 1.187,97. Pra receber esse salário miserável é preciso pelo menos uma licenciatura, equivalente a quatro anos de faculdade – a maioria tem duas e muitos são pós graduados, mestres ou doutores.

Eles não tem assistência médica, odontológica, jurídica ou seguro de vida. Participação nos lucros? Ora, não há lucro, diz o Estado, “é a nossa obrigação”! Ontem, na sala de aula, um aluno me fez uma pergunta difícil.

- Para quê estudar, professora? Para trabalhar como você e ganhar que nem minha mãe que é quase analfabeta? Minha mãe “trabaia” numa fábrica varrendo o chão e ninguém manda ela tomar no cú, não!

Para ganhar “milão” é melhor varrer o chão!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Educação vergonhosa

Por Miriam Nitcipurenco de Souza

A instabilidade, a vulnerabilidade e a transitoriedade na Educação se dá exatamente porque a nossa política educacional é pobre, desnorteada, sem metas, sem objetivos e traçada por políticos tão ou mais absurdamente indoutos quanto o mais analfabeto dos seres que habita o nosso extenso país.
 
Isso é uma vergonha nacional e internacional! Por semanas, a revista Veja tem trazido em suas páginas aquilo que o resultado do que temos feito, enquanto educadores, em nosso cotidiano: a colocação desastrosa dos alunos do Brasil no PISA, no ENEM, no SAEB, no SARESP e em tantos outros mecanismos de avaliação e a derrocada da educação.

O fim é sempre o mesmo: não chegamos nem aos pés dos resultados de países desenvolvidos. No mundo globalizado, a nossa posição é nada. Nossos alunos NUNCA poderão competir de igual para igual com um chinês, um sul coreano, um irlandês, um cingapurense, um estadunidense, um inglês, um sueco. E não venham me dizer que é por causa do dinheiro ou que escola particular é diferente.

É absurdo o valor gasto em educação! E digo: é gasto com muita gente que não quer ser educada, que não quer aprender. Pagamos a conta de gente desleal, que finge que aprende e de alguns outros desleais, que fingem que ensinam.

Fazemos isso não porque concordamos, mas porque nos cobram posições e atitudes que sigam “a cartilha que vem de cima”, do alto escalão do governo, dos pensadores de plantão, dos teóricos de botequim. Muitas vezes não concordamos, mas acatamos, como bons funcionários estaduais que somos.

Somos eficientes, mas não somos eficazes.

Quando tivermos a coragem de olhar para um PCN que diz que “Corrigir um aluno que pronuncia erroneamente uma palavra em Português é Preconceito Lingüístico”, e acharmos que essa forma de pensar é uma merda e que vai contra tudo o que chamamos de “educação”, quando jogarmos fora uma bosta de livro didático impresso pelo governo federal que afirma estar correta a frase “Nós foi pescar os peixe” e nos recusarmos a participar de tal absurdo e de tantos outros, então, talvez nós passemos de um estágio de uma pseudo-eficiência para uma pré-eficácia.

Poderá ser este um começo, mas fica a pergunta: temos mesmo coragem de dizer que tudo isso é uma merda?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Antropológico

Daniel 
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Dani, um dos meus netinhos, é carismático e vive cercado de garotas adultas na escola, onde faz sucesso. Então, instintivamente, se permite aos carinhos melosos acompanhados de elogios. Em qualquer festa ele sempre é visto recebendo beijinhos, das mocinhas. Seu vocabulário é rico e ele consegue se expressar com facilidade. Ontem ele me contou um segredo.

Cercado de mistérios - que mistério há num bebê de 3 aninhos? - aproximou-se e confessou ter visto a calcinha da Bruna, uma garota sorridente - e descuidada - de 17 anos. Fiz ares de surpresa e ele continuou a narrativa secreta concluindo que a peça íntima da mocinha era rosinha. Pra cada reação minha, de surpresa, ele se animava a contar mais detalhes do grande acontecimento.

- Era rosinha?
- Sim, era rosinha de oncinha.
- E como você viu?
- Ela estava descendo do carro.
- E você estava fazendo o que?
- Eu estava esperto, vô - disse, com um sorriso de safado.

Puramente antropológico!

Quanto pesa um vaso de orquídea?

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Fiz aniversário e fiquei feliz em receber um lindíssimo vaso de orquídea, na manhã de 14 de setembro. Minha esposa e eu adoramos contemplar a natureza. Recentemente voltávamos do Tayaya, um maravilhoso resort às margens da represa Chavantes, quando percebemos uma lua resplandecente surgindo na escuridão e espelhada nas águas, como uma pintura. Descemos do carro e, abraçados, lá ficamos observando um espetáculo da natureza que muitos ignoram.

Como toda russa, ela adora flores, particularmente orquídeas. E as que recebi são os melhores exemplos de beleza. Mas, antes de achar tudo muito lindo e maravilhoso, devo confessar que fiquei assustadíssimo quando elas chegaram. O entregador entrou na sala, com o vaso nas mãos e perguntou:

- Sr. Edson?

Minha esposa me olhou, indagativa - que significa dizer "quem te mandou essas flores?" - e eu permaneci imóvel, olhando para o vaso e para os seus olhos azuis, normalmente quando ela está calma e verdes nos segundos que antecedem uma explosão. Pausa dramática.

O vaso deveria ter uns 600 gramas e pouco e, certamente, faria um belo estrago na cabeça de qualquer um. Vasos, por inconfessáveis razões, deveriam pesar bem menos. Pelos mesmos motivos, prefiro os netbooks - muito mais leves que os pesadões notes.

Relutei mas tomei uma decisão e, bravamente, anunciei ao entregador de flores.
- Espera um instante porque, dependendo de quem enviou, você leva de volta.

Empurrei o vaso com o cartão pra ela. Silenciosamente abriu e leu, sem esboçar nenhuma reação. Segunda pausa dramática. O entregador, calado, parecia assistir uma partida de tênis, ora olhando pra mim e ora pra ela. Com ar de mistério, ela passou o cartão pra minhas mãos.

Só então suspirei aliviado ao ver Rede Globo, Marcelo Assunpção, Adriana Berzotti, Jacques..., funcionários da emissora, desejando um feliz aniversário.

Ufa!, suspirei o suspiro dos inocentes.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Vingança

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Certamente você já se irritou alguma vez com telefonemas de telemarketing que te pegam sempre em horários inoportunos. Aliás, ligações desse tipo importunam em qualquer hora. Quando menos se espera a sua reunião é interrompida por um vendedor de cartões de crédito ou uma doce voz feminina tentando te chantagear para conseguir sua doação para alguma entidade beneficente - geralmente golpe do tipo LBV que pagava gente famosa pra visitar suas creches e testemunhar que a obra era verdadeira - e, diante da sua negativa, elas gemiam frases do tipo "o senhor terá coragem de deixar essas criancinhas passarem necessidades?"

Muitos se irritam e perdem a compostura descarregando na vendedora um caminhão de melancias. 

Se quer saber como evitar esse tipo de chateação, basta entrar em contato com o Procon - www.procon.sp.gov.br/BloqueioTelef/ - e preencher um pequeno cadastro colocando os números de telefones que não aceitara receber ligações desse tipo. Isso é lei. Pronto, problema resolvido. 

Mas, sinceramente, pessoalmente eu desaconselho essa solução. E não é porque eu gosto de ser chateado pelos inoportunos vendedores ao telefone. Mas porque eu aprendi a lidar com eles. Pra ser bem honesto, eu me divirto com eles. Verdadeiramente eu não saberia mais viver sem eles. E vou explicar porque.

Outro dia uma telemarketing que se identificou como Selma Solange, de uma empresa de telefonia, ligou para o meu celular.

- Senhor Edson?- Quem é? - perguntei.
- Eu sou Selma Solange e tenho uma proposta de novas linhas de telefone, sem assinatura e com bonus para consumir em ligações interurbanas. Posso falar com o Sr. Edson?- Lamento, mas o Sr. Edson não poderá te atender - respondi eu mesmo.
- Quem está falando?
- Meu nome é João e sou amigo do Sr. Edson.
- E porque ele não pode me atender? - perguntou ela, irritada.
Com voz de tristeza, quase chorando e falando baixinho, avisei:

- Senhora Selma, desculpe-me. O Sr. Edson não poderá mais te atender porque ele morreu. Eu estou no velório dele, todos os amigos estão aqui - disse, dramatizando. Ela levou um choque e se lamentou, desculpando-se. Mas, como vingança, comecei a chorar e contei:

- Olha Selma, eu estou à frente do caixão dele. Fiquei com o telefone pra comunicar os amigos que ligarem. Vou te contar: ele era um santo homem. Corajoso, bom, um bom pai e marido exemplar. Ela, desconcertada, quis cair fora da ligação. Mas comecei a contar "causos" do Sr. Edson. E arrastei a conversa por um bom tempo como minha vingança pessoal.

- Selma, pensa num homem bom. Era ele em pessoa. Hoje, coitado, está aqui, mortinho. Esticado. Uma vez ele brigou o o Paulo Maluf, xingou o ex secretário da Segurança Pública e chamou um prefeito de panaca. Na época da revolução ele transmitia as assembleias de professores grevistas em Tupã e foi proibido pelos militares de dar notícias da greve. E, no final, ainda perguntei pra Selma:

- Quer falar com a viúva? Ela está chorando aqui do lado. Você pode passar os planos pra ela. Quer? 
Selma desculpou-se, mandou seus pêsames pra família e disse que a "Telefônica agradece sua atenção". 
Quando eu já estava quase explodindo de gargalhar e sentido-me vingado, a desgraçada ainda conseguiu me tirar do sério.

- Sr. João, o Sr. Edson morreu do que?
- De infarto, irritado com as ligações de telemarketing, sua anta!

Nunca mais a Selma me ligou de novo.