sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Médica cubana tem razão, diz MP
Ramona Matos Rodriguez e todos os médicos cubanos contratados para atuar no Programa Mais Médicos, no Brasil, devem receber o salário integral de R$ 10 mil. O que ocorre hoje é que o governo brasileiro paga R$ 10 mil de salários e eles recebem apenas R$ 800. O restante fica com o governo de Cuba.
Para Sebastião Caixeta, Procurador do Ministério do Trabalho, a relação de trabalho com o governo brasileiro está caracterizada pelo contrato que Ramona apresentou. De início o governo de Dilma Rousseff criou várias dificuldades na divulgação do contrato de trabalho com médicos estrangeiros e chegou a alegar cláusulas confidenciais para esconder a verdade. Houve alegação de que os médicos estavam participando de um curso de pós-graduação e especialização. Para Caixeta está claro que é vínculo laboral.
Muitas informações que o governo escondia vieram à tona com a divulgação do contrato mostrado por Ramona, segundo o procurador. O inquérito do MT concluirá nos próximos dias que a relação é de trabalho e que todos os médicos devem receber salário integral além dos benefícios advindos dessa relação.
Anteriormente o governo federal informara que os médicos cubanos receberiam 20% a 40% dos R$ 10 mil. Além de ser mentira, mesmo assim o contrato fere a Constituição, tratados internacionais e o Código de Práticas para Recrutamento Internacional de Profissionais da Saúde, da Organização Mundial da Saúde.
Dilma na verdade sabia das cláusulas absurdas e concordou com o trabalho escravo dos cubanos. Oficializou a exploração do trabalhador.
Chegou a vez do mensalão mineiro: Procurador pede 22 anos de prisão para Azeredo
Eduardo Azeredo: confio no julgamento do STF |
Chegou a vez do PSDB responder pelas acusações do mensalão tucano. Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República pediu 22 anos de prisão para Eduardo Azeredo, atual deputado federal, acusado de envolvimento no esquema conhecido como mensalão - modelo seguido pelo PT. Além, o procurador pediu a aplicação de multa de R$ 404 mil. Azeredo nega e diz confiar no STF.
Janot acolheu a denúncia produzida pelo ex-Procurador Antonio Fernando por crimes continuados de peculato e lavagem de dinheiro. Azeredo alega que o dinheiro foi utilizado para financiar campanhas eleitorais e não para enriquecimento pessoal.
A denúncia explicita que Azeredo "usou a máquina administrativa em seu favor de forma criminosa e causando um desequilíbrio econômico financeiro entre os demais concorrentes ao cargo de Governador de Minas Gerais em 1998".
Luis Roberto Barroso é o relator do processo e apresentará seu voto em 30 dias.
Cerca de R$ 3,5 milhões foram desviados dos cofres do estado mineiro usando o mesmo esquema do Partido dos Trabalhadores: empresas do publicitário pegavam empréstimos no Banco Rural em operações fictícias e repassavam para a campanha de Azeredo. As dívidas foram pagas com dinheiro de estatais mineiras.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
O legado de Eizi Hirano
Em pouco tempo a rede Jetcolor tomou-se a segunda maior consumidora de filmes no país. Nessa época já eram 50 lojas, inclusive dentro de São Paulo, cuja invasão foi planejada com técnicas de guerrilha. O pensamento era dominar o interior, o segundo maior mercado consumidor do país, para depois, silenciosamente, invadir a capital.
Suas ideias inovadoras começaram bem antes, quando os irmãos Jorge, Giro e Eizi assumiram a direção do Foto Ideal, de um tio, na década de 50. Ao invés de esperar pelos clientes, armavam-se de câmaras e saiam em busca deles. Em caravanas, fotografavam de casa em casa e, após, promoviam uma exposição de posters. Daí surgiu o Salão da Criança, que percorreu todo país.
Mais tarde vieram os Bailes de Debutantes e Formaturas. A
Cia Fotográfica Hirano descartou esses segmentos e, no final da década de 70,
voltou às suas origens com as lojas de varejo, com um formato agressivo de
vendas.
Revista Tupã, 80 anos |
“Eizi Hirano foi inédito naquilo que fez”, destaca o prefeito de Tupã, Waldemir Gonçalves Lopes. “A família deixou um legado e foi reconhecida nacionalmente. Eles gostavam e acreditavam em Tupã. Oxalá todos os empresários se inspirassem nesse exemplo de amor à cidade”. O empresário ainda exerce grande influência na área. Suas ideias ainda são atuais e copiadas pelo mercado brasileiro de fotografia. ‘Tudo que sei aprendi com o Hirano” - confessa Nelson Rocha, sócio de sua mulher Sueli numa empresa de reportagens fotográficas. Ambos foram funcionários de Eizi durante mais de 15 anos.
A cidade ainda é norteada pela fotografia, semente plantada pelos irmãos Hirano e regada pela ousadia e criatividade de um empreendedor que se tornou milionário e, mesmo assim, adorava comer mortadela, o principal prato de muitos natais na sua infância pobre.
Matéria da Revista de Tupã, produzida por nós para a comemoração dos 80 anos de Tupã. O lançamento e distribuição ocorreram durante a apresentação do documentário A História de Tupã, na Igreja Batista. Veja o documentário, em vídeo, neste link Eizi Hirano.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Estranhíssimo, diz Gilmar Mendes sobre doações aos mensaleiros presos
Genoíno, Delúbio, Dirceu e João Paulo, além da condenação a prisão foram igualmente condenados ao pagamento de multas que somam mais de R$ 2 milhões. Eles alegam que os militantes do partido estão doando o que soa estranho demais pela facilidade de arrecadação.
"Há algo muito estranho, muito grave nisso e é preciso ser investigado” disse o ministro.
"Eles não são criminosos políticos, não é gente que lutava por um ideal e está sendo condenado por isso. São políticos presos por corrupção e a sociedade precisa discutir isso" finalizou Gilmar Mendes.
O raciocínio do ministro coincide com a opinião popular que soma atitudes estranhas como, por exemplo, o emprego de R$ 20 mil por mês para José Dirceu trabalhar de gerente num hotel cuja sede fica no Panamá e seu presidente é um trabalhador pobre que mora num bairro da periferia da capital.
Igualmente suspeito é o fato de Dirceu ter criado uma empresa de consultoria com sede no mesmo endereço do Panamá. Além da empresa de consultoria o hotel também pertenceria a José Dirceu? A Lula ou seu filho que tornou-se milionário logo depois de deixar um emprego no Zoológico de São Paulo?
- Está estranhíssimo (...) Ele era também dono do hotel? Era empregado e empregador? Veja quanta coisa está sendo colocada” , questionou o ministro. Somente em dois dias mais de 140 advogados "doaram" dinheiro para os condenados.
Seria dinheiro auferido pelo fruto da corrupção que estaria sendo distribuído para militantes e advogados "doarem" aos líderes condenados?
Pizzolato deve ser extraditado para o Brasil: prisão foi em Maranello
O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato é preso na Itália |
O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, foi preso na Itália segundo informações da Polícia Federal. Pizzolato, de 61 anos, foi condenado no processo do mensalão mas fugiu quando o STF começou expedir os mandatos de prisão. Ele foi detido em Maranello, usando documentos falsos, na casa de um sobrinho. Segundo a PF, a prisão do mensaleiro condenado aconteceu em parceria com a polícia da Itália.
Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão envolvido nos crimes de corrupção do PT no processo do mensalão. Autoridades brasileiras vão iniciar o processo de extradição.
Médica cubana foge e busca asilo
Ramona apresentou o contrato de trabalho com o governo de Cuba onde fica demonstrado que os médicos "recebem" R$ 10.000,00 por mês mas ficam somente com R$ 800,00. Cerca de R$ 1.200,00 são depositados numa conta em Cuba que seriam "devolvidos" no retorno ao país. O resto, R$ 8.000,00, fica para uma empresa chamada Comercializadora de Servicios Médicos Cubanos S.A - uma intermediária autorizada pelo governo de Cuba.
Ela confessou-se cansada da exploração pelo regime ditatorial de Cuba. A médica está sob proteção da liderança do Partido Democratas e, segundo Ronaldo Caiado, só sairá de lá se for seguro. O trabalho dos médicos não foi um convênio firmado com a Organização Panamericana de Saúde, OPAS, como afirmou o governo brasileiro, mas com uma "empresa cubana".
A médica contou que descobriu que o salário seria de R$ 10 mil mensais somente quando chegou ao Brasil.
— Me senti enganada. Ninguém falou em salários de dez mil reais quando nos contrataram em Cuba.
O caso no Brasil pode ser inédito mas ocorrem constantemente em outros países onde os médicos cubanos são "contratados", como na Venezuela, de onde eles fogem para os Estados Unidos. Quando deixam Cuba para trabalhar em outro país deixam também alguém da família como "refém". Isso evitaria deserções. Os passaportes dos médicos são retidos na embaixada Cubana e normalmente eles são vigiados por espiões enviados pela ilha.
O "grande êxito" da saúde cubana deve-se à propaganda oficial, segundo María Werlau, diretora da organização Archivo Cuba, criado pelo Dr. Constantine Menges. "A saúde em Cuba é péssima para o cidadão até por falta de recursos. A elite do governo e os estrangeiros que pagam em dólar, são bem atendidos mas presos e dissidentes políticos não".
“A saúde em Cuba não é gratuita: isso é um mito. Às vezes os profissionais sugerem que se peça os medicamentos aos familiares no exílio porque não se encontram nas farmácias", diz Berta Soler, técnica em microbiologia.
Deputado do PT preso por corrupção
João Paulo já está na Papuda |
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Cunha vai para a prisão hoje
Para João Paulo Cunha, do PT, Barbosa estava no cargo "porque era compromisso nosso, do PT e do Lula, de reparar um pedaço da injustiça histórica com os negros" e não pelos seus méritos. |
Ações da Petrobras despencaram 35% em dois meses
Rumo a 2018?
domingo, 2 de fevereiro de 2014
O dia que "entrevistei" João Figueiredo
João Figueiredo, sobre a abertura política: "Se alguém for contra eu prendo e arrebento". |
"Se alguém for contra, eu prendo e arrebento"(João Figueiredo, sobre a abertura política)
sábado, 1 de fevereiro de 2014
O Brasil é o 8º país com mais analfabetos no mundo
São Paulo - Os mais de 13 milhões de analfabetos brasileiros colocam o país na oitava posição entre as nações com o maior número de analfabetos adultos do mundo. O dado é do 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, divulgado pela Unesco nesta quarta-feira.
O Brasil, junto com outros 9 países, é responsável por quase três quartos do número de adultos analfabetos do globo. Os demais são Índia, China, Paquistão, Bangladesh, Nigéria, Etiópia, Egito, Indonésia e Congo. Hoje, existem 774 milhões de analfabetos no mundo, apenas 1% a menos que em 2000.
Para 2015, quando 164 países deveriam atingir as metas de melhoria de educação propostas pela Unesco em 2000, a projeção é de que o número caia para 743 milhões. No Brasil, a expectativa é de que no próximo ano, o número de analfabetos diminua dos atuais 13,2 milhões - registrados pelo PNAD 2012 - para 12,9 milhões, o que seria um avanço, depois da estagnação detectada pelo IBGE no ano passado.
O compromisso da Unesco totaliza seis metas que integram o Acordo de Dacar, assinado em 2000. Por ele, até 2015, os países devem expandir cuidados na primeira infância e educação, universalizar o ensino primário, promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e adultos, reduzir o analfabetismo em 50%, alcançar a paridade e igualdade de gênero e melhorar a qualidade da educação.
De acordo com a Unesco, a meta de redução do analfabetismo é a que ficou mais distante: estima-se que apenas 29% dos países atinjam a universalização da alfabetização de adultos.
O Brasil é um dos países que não deve atingir a meta. De acordo com dados do PNAD de 2012, a taxa de analfabetismo brasileira é de 8,7%, muito distante da meta estabelecida pela Unesco, que previa que o país chegasse aos 6,7% de analfabetos até 2015.
Apesar do alto número de analfabetos, o documento faz alguns elogios ao sistema educacional brasileiro. Uma das experiências elogiadas é a de recompensar as escolas com bônus coletivos como forma de incentivar os professores e conseguir melhores resultados de aprendizagem.
Outro ponto destacado, é o gasto do país comparado às demais nações emergentes.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Haddad provoca inflação no crack
Preço do crack dobra na cracolândia
Atualmente são mais de 1000 viciados na região e nenhum deles demonstra interesse em procurar tratamento. Os intelectóides do PT criticam a internação compulsória defendendo o direito do dependente químico decidir por ela ou não como se tivessem consciência do seu estado ou capacidade para tal.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Jovem de 18 anos espancado até a morte em SP
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Bruno Borges de Oliveira, 18 anos, auxiliar administrativo, foi morto com socos e pontapés, ontem a tarde em São Paulo, na Bela Vista. Os criminosos espancaram o jovem para roubar um celular, um par de tênis e um Bilhete Único segundo o boletim de ocorrência registrado no 78º DP. Dois amigos de Bruno conseguiram fugir. Acredita-se que os autores praticaram o latrocínio para comprar drogas.
Ao mesmo tempo o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, lançou um programa que paga - com dinheiro público - salário, comida e hotel para usuários de drogas sob o manto de combate as drogas. Reinaldo Azevedo escreve a respeito do tema.
Maria do Rosário emitirá uma nota por Bruno, um trabalhador de 18 anos espancado até a morte? Ou: Os mortos do crack
Ultimamente, já contei aqui, eu sinto um misto de raiva e nojo de ter de escrever certos textos, de fazer determinados comentários, de abordar alguns temas. Por volta das 6h40 de ontem, um jovem de 18 anos, Bruno Borges de Oliveira, foi espancado por ladrões até a morte na rua Herculano de Freitas, na Bela Vista, região central de São Paulo.
O que queriam roubar de Bruno, um garoto pobre, auxiliar administrativo, que arrumara emprego havia pouco tempo? Atenção! Um par de tênis, um cartão de bilhete único de ônibus e um celular — que, como se sabe, não é mais objeto de luxo. Tudo isso aconteceu à luz do dia.
São Paulo está longe de ser a capital mais violenta do país. Na verdade, os dados indicam ser uma das menos. Mas e daí? Isso já não tem importância para Bruno e sua família. Atenção, leitores! Maria do Rosário, a ministra dos Direitos Humanos, não vai emitir uma nota. Não haverá ONGs se manifestando nem se farão protestos no centro da cidade.
Há pouco menos de duas semanas, por conta de um homicídio que não aconteceu — um jovem havia se suicidado —, fez-se um escarcéu danado. Afinal, a vítima era gay e se tentou ver ali o que chamam de “crime de ódio”. Maria do Rosário aproveitou para fazer proselitismo sobre o cadáver. E o assassinato de Bruno? É o quê?
Não tenho as circunstâncias do caso, mas sou obrigado a lidar com a lógica e com os fatos que nos cercam. Reparem como os viciados em crack, que vagam pela ex-cracolândia, hoje Haddadolândia, em suma maioria, estão descalços. Sabem por quê? O tênis é a principal moeda no tráfico do crack. Tênis vira “pedra”. Outra moeda, para quem conhece o assunto, é justamente o cartão de bilhete único de transporte. E, obviamente, os celulares também fazem parte desse mercado.
A explosão do consumo de crack coincide com essas ocorrências horripilantes, como pessoas queimadas vivas ou espancadas até a morte. Infelizmente, São Paulo convive hoje com um programa aloprado, coordenado pela Prefeitura, que faz da cracolândia uma espécie de país com leis próprias. Que fique claro: não estou dizendo que os assassinos de Bruno saíram necessariamente de lá. Isso, não sei. Mas estou afirmando, sim, que o escambo — tênis por droga — é uma prática corriqueira na área.
Não sejamos ingênuos: não há policiamento, por mais ostensivo que seja, que consiga responder às demandas criadas numa cidade que incorpora o crack como realidade plausível e faz de consumidores e traficantes pessoas acima da lei.
Sim, os culpados pela morte de Bruno, obviamente, são seus assassinos. Mas esse rapaz também é vítima de um tempo que decidiu flertar com mal.
domingo, 26 de janeiro de 2014
O naufrágio de um país
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
O vergonhoso jeitinho brasileiro
O Maracanã foi inaugurado assim. Uma semana depois da abertura, os andaimes foram retirados. Havia restos de materiais deconstrução e muita lama no local. |
Irresponsabilidade: para tranquilizar os que desconfiavam da qualidade da obra, três mil funcionários foram chamados para pular nas arquibancadas. |
Símbolo de incompetência: o Maracanã sediou os jogos com torcedores entre andaimes. O estádio foi inaugurado inacabado. |
“O que o museu tem a ver com educação?”
Certamente você imagina que a espantosa pergunta tenha vindo de algum leigo desavisado, distante das lides da educação e beirando a imbecilidade. Mas, para sua decepção, a indagação foi feita por Aloízio Mercadante, simplesmente Ministro da Educação do Brasil durante uma visita a Recife.
A educação museal no país é vaga, incipiente, descontinuada, abandonada e fragmentada. Mercadante, cuja biografia está definitivamente manchada pela incompetência, precisaria ler com mais acuidade as propostas, ainda que preliminares, do Programa Nacional de Educação Museal, no mínimo.
Que otimismo se tem com a educação do país?
O LUGAR DO MUSEU NA EDUCAÇÃO
“O que o museu tem a ver com educação?”
Por Leonel Kaz
Essa pergunta do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, na imprensa e repercutida na Coluna do Noblat (3/6) do Globo, merece algumas ponderações. Faço uma dezena delas:
1. Museu é lugar para se entrar de corpo inteiro, tridimensionalmente, com todos os sentidos despertos. Cada obra de arte ou objeto exposto nos convida a olhá-lo, a partilhar dele, a se entregar a ele. Esse é o caminho da educação de qualidade: permitir que a vida nos invada e que o objeto inanimado ganhe um vislumbre novo, a cada dia, em cada visita. O Grande Pinheiro, tela de Cèzanne no Masp, pode ser vista cem vezes e, a cada vez, será diferente da outra; o quadro, de certa forma, muda, porque muda o mundo e mudamos nós também.
2. Museu é lugar, portanto, de olhar de forma distinta para as coisas. E para os seres também. É lugar de aprender a olhar com outro olhar para o outro (que quase nunca o vemos), para a escola (que pode ser, a cada dia, diferente do que é habitualmente) e para a cidade (que tanto a desprezamos, porque parece não nos pertencer).
3. Museu é lugar de entrar e dizer: é nosso! Museus são lugares de coleções, e as cidades, também. Cidades são escolas do olhar, pois nos permitem colecionar tudo de nossa vida: os dias que passam, a família que reunimos, os amigos que temos e ainda os bueiros da rua e as janelas que vislumbramos em nosso caminho diário (elas falam de épocas diferentes, narram histórias distintas). A cidade é a história.
4. Museu é lugar onde a cidade (a história) se reconta. Rebrota. Onde ela nos faz crer que, para além do mero contorno do corpo, existimos. Criamos uma identificação com aqueles fatos e pessoas que ali estão, que nos antecederam em ideias, pensamentos e sentimentos. Que ajudaram a criar “o imaginário daquilo que imaginamos que somos”, como definiu o poeta Ferreira Gullar. É dentro da plenitude deste imaginário que o Museu nos reaviva a memória e o fulgor da boa aula.
5. Museu é o lugar do mérito, onde peças e imagens entraram porque mereceram entrar, porque foram, em algum momento, singulares. Elas estão ali para nos apontar que cada qual que as visita pode ter sua singularidade, e que ninguém precisa ser prisioneiro dos preconceitos do mundo. Museu é onde a cultura aponta à educação que tanto um como o outro foram feitos para reinventar o modo de ver as coisas.
6. Museu é lugar para se abandonar a parafernália eletrônica, os iPads, iPhones e Ai-ais e permitir que obras e imagens que lá se encontram repercutam em nós. Num museu somos nós os capturados pelos objetos, somos nós o verdadeiro conteúdo de cada museu, com a capacidade de transformar e sermos transformados pelo que nos cerca.
7. Museu é lugar para criar um vazio entre o olhar que vê e o objeto que é visto. Um vazio de silêncio. Um vazio que amplia horizontes de percepção. Assim, o professor deixa de ser professor e passa a ser o que verdadeiramente é: um inventor de roteiros, um “possibilitador” de descobertas. É lugar de aluno, com a ajuda dos mestres, revelar potencialidades insuspeitas, tantas vezes esmagadas pelo caráter repressor das circunstâncias que o cercam.
8. Museu é lugar de experiência. Tudo o que é pode não ser: há uma mágica combinatória em todas as coisas, como as crianças nos ensinam. Tudo pode combinar com tudo, independentemente de critérios, ordenamentos, hierarquias. A ordem do museu pressupõe a desordem do olhar.
9. Museu é ainda lugar de coleções (embora a internet seja, hoje, o maior museu do mundo). Assim, o museu não é mais apenas um espaço físico, assim como a escola não o é. A cidade toda é uma grande escola. O Museu é uma de suas salas de aula.
10. Museu é o lugar em que “a criança se educa, vivendo” como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola.
Leonel Kaz é curador do Museu do Futebol
domingo, 19 de janeiro de 2014
Um imenso Maranhão
Antonio Fagundes: Temos censura que não tivemos nem na ditadura.
Proibir armas de brinquedo resolve?
Com a justificativa de que as armas de brinquedos são utilizadas na prática de crimes, os deputados paulistas promulgaram uma lei que proíbe sua fabricação e venda, sob pena de multa. O autor é o deputado André do Prado, do Partido da República. Isso, porém, já está previsto no Estatuto do Desarmamento, uma lei federal de 2003. Cerca de 40% das armas apreendidas pela polícia na capital paulista, em 2012, 40% eram de brinquedos. O Instituto Sou da Paz comemora como resultado da implantação do Estatuto. Mas não explica porque os crimes, inclusive de mortes, aumentaram no mesmo período.
Os políticos, diante de um quadro de extrema violência no país, só tem uma saída para mascarar a incompetência de seus governos: programas de desarmamento - outra falácia - e leis inócuos, como a proibição da fabricação de armas de brinquedos. Mas a base do problema continua intacta.
Em em 2010 foram 36 mil mortos catalogados como vítimas de armas de fogo, no Brasil, um número quase 4 vezes maior que as mortes nos Estados Unidos (9.960 no mesmo período). Mas tem outro detalhe: os americanos tem 295 milhões de armas contra 15 milhões no Brasil. Mata-se no Brasil 19,3 pessoas para cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, 3,2 mortos para cada grupo de 100 mil. A Venezuela, o país mais violento do mundo, este índice é de 39.
As campanhas de desarmamento no Brasil - demagogia dos governantes populistas diante de um quadro gravíssimo - recolheram, até então, 620 mil armas. Não há motivos para otimismo enquanto os responsáveis pela politica de segurança continuarem acreditando em bobagens como estas.
Desarmar civis não resolve
500 policiais são mortos, por ano, no Brasil