sábado, 3 de novembro de 2012

Valério diz que enviou dinheiro para calar empresário sobre a morte de Celso Daniel

Corpo do prefeito Celso Daniel, assassinado após sequestro suspeito
Por Edson Joel

Marcos Valério admitiu, em depoimento ao Ministério Publico em setembro deste ano - quando já estava condenado pelo STF - que ele foi procurado por Silvio Pereira com orientação de enviar dinheiro para "calar a boca" do empresário Ronan Maria Pinto que ameaçava contar sobre o envolvimento de Lula e Gilberto de Carvalho na corrupção da prefeitura de Santo André, cujo prefeito Celso Daniel, do PT, tinha sido assassinado pouco antes, ao ser sequestrado na saida de um restaurante. Naquela época o Ministério Público Estadual investigava a corrupção na prefeitura e ligava à morte do prefeito que tentou cessar a roubalheira.

- Nisso aí eu não me meto, - palavras de Valério a Sivio Pereira, segundo a Revista Veja desta semana em seu depoimento em que garante ter passado dinheiro para cessar as chantagens contra o Partido dos Trabalhadores. 

Gilberto Carvalho e Ronan Maria são citados nas ações judiciais que tramitam no Forum de Santo André. O empresário Sérgio Gomes, o Sombra, era o operador do esquema de desvio de dinheiro e, segundo os promotores, foi ele que encomendou o assassinato de Daniel. Celso teria descoberto que o dinheiro da propina que deveria ir para o caixa do PT estava servindo para enriquecimento pessoal de alguns. O médico João Francisco, irmão de Celso, naquela época, fez as primeiras ligações da morte de Celso, ao PT. João afirmou que Gilberto Carvalho contou que levava parcelas de dinheiro da propina diretamente para as mãos de José Dirceu, então deputado federal e agora condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Celso Daniel estava no mesmo carro com Sérgio Gomes - então seu motorista e segurança - quando o veículo foi abordado pelos sequestradores que "permitiram" que Sérgio descesse, levando apenas o prefeito, encontrado morto a tiros numa estrada deserta.

O Sombra - Sérgio Gomes - estranhamente, 10 anos depois da morte, ainda não foi a julgamento e o PT aceitou facilmente que o crime foi um "sequestro comum", ao contrário do que diz a família do prefeito morto. 

Sete pessoas ligadas ao crime, inclusive o legista do caso, um investigador, o agente funerário e testemunhas, morreram depois disso.