quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Como falar de corda em casa de enforcado?


Presidente Dilma Rousseff 
Por Edson Joel

Imagine a presidente Dilma Rousseff - que já perdeu 7 ministros suspeitos de práticas irregulares e pertencente a um partido cujos principais líderes sofreram pesadas condenações por corrupção e formação de quadrilha - abrindo uma conferência internacional anticorrupção? 

Foi o que aconteceu, em Brasilia, na 15.ª Conferência Internacional Anticorrupção. O evento ocorre no justo momento em que os expoentes do Partido dos Trabalhadores são julgados e condenados pelo Supremo Tribunal e um dia após a Procuradoria-Geral da República receber pedido para que o ex-presidente Luiz Inácio seja investigado pelos mesmos motivos. Lula, no início, alegou que foi caixa dois. Após, em rede nacional de televisão, pediu desculpas e disse que tinha sido traído. No final, passou a afirmar que o mensalão não existiu e ele não sabia de nada.

Luiz Inácio também foi citado pelo operador do mensalão, Marcos Valério, em recente depoimento ao MP, sobre pedido do PT para remessa de dinheiro para calar um empresário que ameaçava contar sobre caso da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, também do PT, assassinado em 2002.

Dilma não poderia ter dito outra coisa além de afirmar que "o combate ao malfeito não pode ser usado para atacar a credibilidade da ação política tão importante nas sociedades modernas, complexas e desafiadoras. O discurso anticorrupção não deve se confundir com o discurso antipolítica, ou anti-Estado" - disse a presidente. Na verdade o discurso é um escudo e pedido para que as práticas corruptas dos companheiros de Lula não respinguem nas ações políticas do seu governo.

A presidente enalteceu "um Ministério Público independente e a imprensa como instrumentos sólidos da democracia brasileira. Mesmo quando há exageros e nós sabemos que em qualquer área eles existem, é sempre preferível o ruído da imprensa livre ao silêncio tumular das ditaduras".

Neste exato momento o PT coloca, como prioridade para o próximo ano, a aprovação de projetos de regulamentação da mídia que, em outras palavras, é uma tentativa de cercear a liberdade de imprensa.